terça-feira, abril 01, 2008

sms

Hoje, enquanto pintava um pássaro que queria que se assemelhasse a um cão, entra-me pelo atelier adentro (gosto de palavreado oral) uma gaivota. Bate as asas freneticamente, dá duas voltas e sai. Estava furiosa, nem tive tempo de lhe sacar o tamanho ou o olhar.
Há quem deteste gaivotas, eu não. Já ouvi relatos assustadores de pessoas que estão de relações cortadas com a espécie. Por exemplo, a Catarina deixou de gostar de gaivotas quando uma lhe bateu à janela do quarto de hóspedes a meio da noite. O vidro, o bico, o tic tic no vidro, deixem-me entrar, mas o que é isto, será um ladrão, tic tic e um medo do diabos. A Catarina vive sozinha e por isso não gosta de acordar à noite com sons que não conhece. Naquela noite teve imensa coragem, levantou-se, foi até à próxima divisão e assim percebeu que tipo de assaltante se tratava.
A minha não teve que fazer barulho. A janela estava aberta. Acreditei por momentos que sabia que eu estava prá'li a brincar às metamorfoses, que aquilo no papel já tinha deixado de ser um pelicano para se transformar num cocker domesticável. Pare lá de ser subversiva e tenha respeito por nós que a gente ainda tem muito orgulho de sermos os únicos a conseguir voar.

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