quinta-feira, março 23, 2006

Nao me deixem que eu sou fiel

Amores, nao me esqueco de voces e prometo escrever testamento em breve. As vezes torna-se dificil compilar ideias ou pensamentos com desiquilibrios tao intensos quantos os da Argentina.
Mas sem duvida, é o pais mais bonito que visitei ate agora.
Uma experiencia intemporal no espaco desabitado. A diversidade da Natureza.
Uma experiencia latina, europeia, conhecida mas intensa nas cidades.
Uma experiencia tentadoramente perturbadora nas pequenas aldeias feitas de vazios e de falhas que se mostram nas casas de areia sem agua nem luz.
Ate ja.
Pelos vistos, vou ter que chegar em Maio.
Mas em Junho vou me por a boleia para a Alemanha para ter oputra pequena experiencia mundial dentro do mesmo país.
Pai, queres vir comigo?
Um reporter e uma fotografa a apoiar a seleccao e a documentar como vivem os nossos imigrantes em terras do norte...

segunda-feira, março 13, 2006

sábado, março 11, 2006

Nao nos deixes, minha Nossa Senhora.

So vos digo que buenos aires se chama assim por causa da santa padroeira dos primeiros navegadores portugueses que chegaram a tao aclamada terra. Somos sempre os primeiros a chegar e os ultimos a ganhar. Quando se encontra um pedaco de terra, nao se faz grande coisa.

Mas os bons ares continuam. Pelo menos por aqui.

sexta-feira, março 03, 2006

Desafio

" De agora em diante serei eu a descrever as cidades - disse o Kan. - Tu nas tuas viagens verificarás se existem.
Mas as cidades visitadas por Marco Polo eram sempre diferentes das pensadas pelo imperador.
- Contudo eu tinha construído na minha mente um modelo de cidade que deveria deduzir-se todos os modelos de cidades possíveis - disse Kublai. - Contém tudo o que corresponde à norma. Como as cidades que existem se afastam em grau diverso da norma, basta-me prever as excepcoes à norma e calcular as combinacoes mais prováveis.
- Também eu pensei num modelo de cidade de que deduzo todas as outras - respondeu Marco. - É uma cidade feita só de excepcoes, impedimentos, contradicoes, incongruencias, contrassensos. Se uma cidade assim é o que há de mais improvável, diminuindo o numero de elementos anormais aumentam as probabilidades de existir realmente a cidade. Portanto basta que eu subtraia excepcoes ao meu modelo, e proceda com que ordem proceder chegarei a encontrar-me perante uma das cidades que existem, embora sempre com excepcao. Mas nao posso fazer avancar a minha operacao para além de um certo limite: obteria cidades demasiado verosímeis para serem verdadeiras."

in "As cidades invisíveis"
Italo Calvino.


Esperando que se facam cidades nos vossos comentários, Maria.

quarta-feira, março 01, 2006

Adivinha o pais e ganha o premio ;)

"Buenas tardes, senorita. Que ojos mas lindos que tien usted."
E pronto, cheguei a Espanha mas pelo Pacifico. É a latinada. Eles andam nas ruas, eles andam nas pracas, eles andam nas praias, eles comem carne e bebem cerveja. Eles juntam-se. Eles sao parecidos connosco: sujam as casas de banho e deitam picas de cigarro ao chao. Eles falam alto, deitam os foguetes e fazem a festa. Eles mandam bocas tal e qual as de qualquer trolha com imaginacao da rua Santa Catarina poderia mandar. Eles sao consumistas e capitalistas. Eles tem uma natureza incrivel que eu nao vou ter tempo para ver. Eles sao um pais sem largura mas de norte a sul é qualquer coisa como da Alemanha a Nigeria. Eles tem uma cultura "pre-colombina" que é exemplo de sabedoria, imaginacao e rigor. Eles foram colonizados e nao colonizaram. Muitos morreram, mas isso é aquela velha historia que todos sabemos. Eles tiveram Pinochet no poder. Eles tem velhos nas pracas de bone na cabeca e a jogar damas. Eles tem pessoas a vender oculos sol e perfumes de "marca" no chao das ruas sobre um plastico azul. E mitrolas a fazer um espectaculo digno de qualquer estudo de marketing, a vender canetas dos chineses nos autocarros. Estou outra vez sozinha, mas bem acompanhada. Pelo menos, alegria nao me falta.