terça-feira, março 25, 2008

vendo, logo existo

"Dos diversos instrumentos do homem, o mais assombroso é, indubitavelmente, o livro. Os outros são extensões do seu corpo. O microscópio e o telescópio são extensões da vista; o telefone é o prolongamento da voz; seguem-se o arado e a espada, extensões do seu braço. Mas o livro é outra coisa: o livro é uma extensão da memória e da imaginação.
(...) Se lemos um livro antigo, é como se lêssemos todo o tempo que transcorreu até nós desde o dia em que ele foi escrito. Por isso convém manter o culto do livro. O livro pode estar cheio de coisas erradas, podemos não estar de acordo com as opiniões do autor, mas mesmo assim conserva alguma coisa de sagrado, algo de divino, não para ser objecto de respeito supersticioso, mas para que o abordemos com o desejo de encontrar felicidade, de encontrar sabedoria."

Jorge Luís Borges, in Ensaio: O Livro

(acredito que Borges ficaria no mínimo embasbacado se soubesse que Claúdio Ramos acaba de editar um livro intitulado "Geneticamente Fúteis" que está em destaque nas prateleiras na Fnac - às vezes, a liberdade de expressão assusta-me)

1 comentário:

António A. Antunes disse...

O ramos não sabe "o que é" um livro. O ramos sabe o que é um lenço da Hermes. A propósito, a cama já está desfeita.