segunda-feira, março 03, 2008

am(p)or(to)

Se o Porto fosse alguém era um velho de cabelo cinzento e duro, com um certo charme e lenço de seda ao pescoço atacado pela traça. Simpático mas teimoso. Daquelas pessoas com manias muito peculiares que só fazem rir os que não têm que conviver com ele diariamente. Sim, teimoso, talvez chato, talvez seco, inflexivel, coração granítico, pernas cheias de varizes, e de vez em quando uma maquilhagem que tenta esconder as entranhas envelhecidas. Tinha um negócio que já deu muito mas já não dá. Olhos claros, água, muita água, às vezes sujos, os olhos tão sujos com tantos outros (talvez também sujos) a olhar para eles, a vivê-los e a amá-los porque se diz que um é feito de ouro e outro de sal. Que terrível paixão tenho por esse velho que não me larga, esse manhoso que me faz sempre voltar, esse queixoso que entrega toda a gente à lamúria, esse cínico que ainda não percebi se também gosta de mim, esse tio avô solteiro que me oferece chocolates imperial no natal.