quarta-feira, fevereiro 06, 2008

o sentido sem sentido


Hoje, durante a minha caminhada matinal tentei fechar os olhos e andar um bocado sem ver. Conheço aquela avenida desde pequenina, é sempre em frente, banda sonora marítima, nada que saber.
Toda a gente já fez isto uma vez ou outra, mas não sei como é que se costumam safar. Eu sou uma perra.
Não podia vir ninguém contra mim, nem vivalma no passeio, e os ciclistas desviam-se sempre tão rápido quanto aparecem.
Um segundo, dois, três, talvez quatro, perna firme, cabeça levantada, mas isto assim não dá - e abro os olhos num impulso quase desesperado.
Tento outra vez, novamente os olhos a despertarem incontrolavelmente.
Oh maria mas estás com medo de quê? O mar continua ali, o passeio não vai fugir e tu vais chegar a casa só um bocado mais tarde.
Pensei no "ensaio sobre a cegueira" de Saramago.
E percebi que se na vida tiver sempre medo de fechar os olhos e seguir em frente, estou completamente lixada.

1 comentário:

Loli disse...

uma vez li que os cegos se sentem numa especie de tunel enquanto caminham, eles não conseguem ver, mas sentem o espaço que os rodeia talvez por terem uns olhos na bengalinha que eles estão sempre a tentar tocar em todo lado! enfim o que eu queria dizer é que talvez tenhas de criar as mesmas barreiras que eles. é mesmo dificil ignorar os nossos sentidos, sejam de que natureza forem...
adoro-te meri!