segunda-feira, fevereiro 25, 2008

é de mundo

A Júlia contou-me que o filho da ex-amante do marido morreu atropelado pelo metro. Apareceu lá em casa de recorte de jornal em punho e fui praticamente obrigada a ler a notícia de tal desgraça. Não se mostrou muito comovida pela morte do pequeno Edmundo, e mantinha uma cara séria que me pareceu previamente planeada. Pelos vistos mãe e filho viviam umas portas acima da dela. Perguntei-lhe se tinha ido ao funeral ao que ela respondeu imediatamente que não, mas a minha irmã foi e ninguém achou bem na família.
Pelos vistos a Júlia considera a mulher que lhe meteu as cornetas a verdadeira culpada de tal infidelidade. Pior. Ela própria se responsabiliza pelo delito sexual cometido por Nelo + Vizinha.
Eu trabalhaba noite e dia, chegaba a casa às tantas da madrugada, não lhe daba atençon, olhe, e ela ali a ligar-lhe, e ele, e ele, prontus, coitado do Nelo, olhe sabe como é que são os homens, assim sem a atençon da isposa, prontus, ela é que debia ter mantido a postura, a baca.
Gosto imenso do Nelo, conheço-o desde pequena e não me dizem respeito os seus devaneios nocturnos. Mas não consigo aceitar esta ordem de ideias e valores. Tentei mostrar-lhe, em vão, que todo o ser humano (homens solitários ou carentes incluídos) é livre para tomar certas opções. E que houve certamente um momento em que o Nelo pode decidir entre ficar em casa ou tocar numa das campainhas acima da sua.

1 comentário:

António A. Antunes disse...

e diz a pj que aquilo foi coisa de miudagem, que aquilo deve ter sido uma aposta entre os garotos. o que o dn também disse é que familiares e vizinhos do edmundo o consideravam "um rapaz muito, muito educado". é, se calhar, para os lados de gaia, educação é apenas dizer boa tarde e desculpe se o aleijei.