sexta-feira, fevereiro 15, 2008

são quê?


Não sei se estou a ficar outra vez adolescente ou se nunca o deixei de ser, mas ultimamente o meu sentido de crítica tem aguçado consideravelmente. Achar toda a gente palerma, querer mudar o mundo e coisa e tal.
Não consigo perceber o dia dos namorados. Acho fraco. Cansa-me saber que existe um dia onde há gente a oferecer swatchs ao seu mais que tudo. Já para não falar de peluches, que eu considero um atentado à higiene mental e nasal de qualquer individuo que se preze. Quando era pequenina gostava de ursos, mas não eram tão peludos quanto os de agora.
Fui comer sushi com uns amigos, neste tal dia do valentino. Óbvio que o restaurante estava cheio de casais, uns mais entusiasmantes que outros.
Há muito que já não mando nos meus olhos e quando reparo, estou colada na mulher da mesa ao lado. Esta fulana de meia idade andava a espalhar más vibrações por todo o restaurante (era pequeno o que se torna perigoso). Tinha a bicanca afiada, o cabelo imóvel cortado pela orelha, e estava com um sobretudo cinzento que manteve enfiado durante todo o jantar.
Tinha os olhos muito juntos que emanavam do centro a palavra "frete", e na ponta descaíam ligeiramente, de cadelinha marota. Passou o jantar assim. E de cada vez que pegava nos pauzinhos, eu temia a saúde do marido.
No final, quando se levantaram para pagar ouvi o dono do restaurante a dizer: "Tome um cêgripe que isso passa".
Onde isto já chegou. Agora, mesmo com gripe, esta gente continua a achar giro celebrar um santo que não se lhe conhece a cara, mas que nos invade as montras uma vez por ano com corações vermelhos feitos de plástico.

1 comentário:

Ana Oliveira disse...

Se eu fosse jantar fora com o Vasco nesse dia sentir-me-ia tremendamente estúpida por toda a gente saber o que é que me levou a estar ali.