quinta-feira, novembro 24, 2005

amiguitos queriditos isto cada vez esta melhor

So ca estou ha 20 dias e ja parece tanto. Adorei os dias que estive sozinha em Jaisalmer, uma cidadezinha perto do deserto. Fiz alguns "amigos" indianos e tive tempo para me aperceber de muita coisa. Aqui ha muita gente que gosta de ler a mao aos turistas para ver se ganham algum dinheiro e ja o tentaram fazer comigo 3 vezes. Claro que nao dou dinheiro, mas ate fico a ouvir o que eles tem para dizer. Surpreendentemente, ha alguma unanimidade no discurso: "You are a powerful woman and too emotional. Sometimes you should be more selective with people. Anyway, you will be really happy". Fico sem resposta para este tipo de previsoes...ha um habito horrivel que qualquer pessoa tem que adquirir aqui, que 'e o de o desconfiar de toda a gente porque parece sempre haver qualquer interesse por tras. Mas no entanto, quer eles nos levem o dinheiro ou nao, ha sempre pelo meio da discussao, tempo e descobertas a fazer. O tempo nao e' o mesmo aqui. Parece haver mais e melhor. As pessoas olham e nao desviam o olhar, nao tem pudor. As mulheres dao as cores as cidades, elas enfeitam-se da cabeca aos pes, ricas ou pobres, velhas ou novas. E' interessante o papel da mulher aqui. Muitas sao donas de casa mas adquirem a posicao mais importante da familia. Em certos sitios, ha filas especiais para mulheres, por exemplo. Os casamentos sao uma odisseia, podem demorar anos, e claro, depende sempre de que casta estamos a falar. Estas hierarquias fazem-me confusao. A quem pertence a casta mais baixa do Rajasthan (o estado onde estou agora) chamam-lhes de "untouchoubles" e sao reconhecidos pelas mais diversas coisas: roupas, joias, ou pelos proprios habitos de beber e fumar que os das castas mais altas nao tem. Espero que nao esteja a perder a minha habilidade em escrever, isto nao me esta a soar nada bem. Os gays sao mal aceites, mas e' costume os homens andarem de mao dada nas ruas, ao contrario das mulheres. Andre, tenho-me lembrado muito de ti, isto daria um belo e longo estudo sobre a questao do genero. Ando agora a viajar com uma brasileira louca e um guy really interesting from Caribean. Ela e' jornalista e ele diz-se activista em Londres. Ainda nao percebi muito bem o que faz, mas trabalha em papelada no que diz respeito aos direitos humanos na questao do sexo e genero. Deve estar a aprender muito aqui. Temo-nos rido muito os quatro, o facto de vivermos todos perto do mar cria uma certa cumplicidade em certos assuntos. Amanha acho que vou para Diu, ja esta na altura de uma prainha. As cidades cansam muito porque tem muita informacao. No Porto, sempre vivi ao lado da rua de Diu e nunca pensei que fosse conhecer realmente o lugar.
As minhas fotos estao a melhorar, mas muitas vezes nao me apetece tirar nenhuma e ponho-me a pensar para que ando a carregar uma maquina manual de 10 kilos comigo se tenho o previlegio de ja estar aqui. Especulacao inevitavel.
Joaninha, apetece-me abracar-te muitas vezes e adoro os teus comentarios. Por favor, digam-me como esta o projecto mina. Desculpem nao escrever email pessoal a todos. A internet aqui e' muita lenta e nem sempre me apetece escrever. Estou feliz.

3 comentários:

Anónimo disse...

Mary linda! Nada melhor do k as novas tecnologias para nos sentirmos mais perto dakeles k estão longe...cada vez k escreves, levas-me contigo! Fico contente por ti, e por saber k tens como companhia uma jornalista;)o futuro sorri-me...
Beijos do tamanho do mundo
Mi

Anónimo disse...

Eu não desculpo!!! Quero - preciso - dos teus mails pessoais.
É verdade que também não tenho escrito...estás perdoada!
Almoçei ontem com a Leni e jantei com a Mito. O tema Mary foi inevitável...
Vais para a praia: cuidado com os tubarões!!!
Bjs sem fim
Old

Andre Alves disse...

Tu davas um belo estudo sobre o gébero he he he
Eu gosto mesmo das ultimas linhas... sobre as fotos e isso tudo.
Sabias que eu nunca tirei uma foto de nenhum dos sítios para onde viajei? Lembras-te daquela carta (não sei se foste tu ou a inês que ficou com ela)? No envelope tinha escrito "memories are written in blood and i´m allready bloodless". Era sobre esta coisa da memória - nada existe fora de um contexto e os contextos existem porque existem memórias pessoais ou físicas(instituições de toda a espécie), que reificam os dados desses momentos. Não temos uma pinga de sangue que não seja memória/contexto, por isso é que não tiro fotos: se a memória não estiver no sangue, está incompleto. Algo que lhe pertence está fora dele...

hummmm... momento meloso...
beijos