domingo, maio 04, 2008

olhos tão rápidos mesmo de vidro

Viagem do Algarve para o Porto. Nutro desprezo por qualquer companhia de camionagem desde que um condutor da Renex ofereceu deliberadamente a minha mala a um arrumador que por ali passava na hora do embarque.
- "Sr.Motorista, aquela mala verde é minha.
- Então tome lá." Foi assim. Desde então não confio em nada nem ninguém que tenha a ver com a palavra camionagem.

Esta não era da Renex, Eva de seu nome. Nome bastante mais sugestivo, no mínimo.
O meu companheiro de cela é um senhor de 70 anos, preto, bengala, óculos de massa anos 70, sacos plástico, olho de vidro, fecho das calças aberto. Encontro no banco uma revista chamada Happy Woman. Na primeira página uma crónica da directora onde revela aos leitores que gosta do cheiro da terra molhada e das festinhas do marido. Folheio rapidamente todos os sapatos e cremes até chegar à secção onde se fala de sexo que é sem dúvida a mais divertida. Interessante como estas editoras e jornalistas analisam as relações. Como se bastasse ser atrevida e usar meias de liga para mantermos o nosso cônjuge de posto olho em nós. Enquanto admirava mulheres de lingerie em poses ridiculas, o olho de vidro começou a ganhar vida.

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