segunda-feira, maio 12, 2008

securitas

De repente fico preocupada com as profissões dos outros. Olho para o segurança das catacumbas da gulbenkian e penso o que fará sozinho todo o dia sem luz. Entro, dá-me um cartão a dizer visitante, pergunta-me o nome, não sorri. Usa farda, sempre a mesma e todos os dias naquela secretária a controlar as entradas. Sempre me assustaram as fardas. O bigode é preto, denso, imóvel, parece um tronco chamuscado. O nome por favor. Quê, Maria quê?
Penso, o que é que você guarda para além do meu nome mal escrito? Uma série de cartões de molas estragadas que não se agarram aos casacos, todo o silêncio inscrito nessa farda passadinha e no bigode bem comportado, um sorriso que lhe ficou no esófago e talvez fosse a escuridão que não o deixasse sair.

1 comentário:

Ana Oliveira disse...

Quando era pequena ficava abismada com a pequenez do espaço que os vendedores de revistas, os dos quiosques mais pequenos, tinham para estar. Havia um perto do café onde os meus pais iam, pegado a uma parede, que era tão pequeno que eu pensava que só podia ter uma porta que dava para uma sala maior onde ele estava enquanto não havia clientes.
Bem...ao menos não lhe faltava cusquices para ler, e, talvez por isso, fosse mais simpático.