terça-feira, julho 08, 2008

ou vir e sem tir

O carro estava em condições. Quando chegou a minha vez tive que sair de dentro da viatura enquanto um jovem se punha a acelarar a fundo no meu pedal. Aproximei-me de outro homem com ar de ter qualquer função e resolvi fazer conversa. Então diga lá o que é analisa nesse ecran, e que tal está o pólinho, e que números são esses senhor, que números são esses que eu não os conheço e me são tão indiferentes que acaba por se tornar absurdo este diálogo. Mas explique-me hoje aquilo tudo aquilo que eu não sei, ainda que amanhã já tudo possa ter esquecido, quem sabe fica qualquer coisinha.
Foi então que este homem falou-me com imenso orgulho e desmesurada paciência de azotos, carbos e óxidos. Tinha voz de professor e olhos de pai.
Depois perguntou-me se eu andava sempre na cidade, e eu disse que sim pensando em curvas/campos/vinhas, e ele disse que eu devia puxar mais pelo motor e eu respondi "está bem" enquanto sentia nas mãos e nos pés a explosão do dito cujo da última vez que resolvi puxar por ele.
Há sempre uma inevitável carga de mentira quando tentamos evitar discordar de um pai ou professor.
Não costumo mentir, acho.

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