É tempo de diospiros. Caem pesados e abertos como dantes. Desconfio em silêncio, que, com o passar dos anos e a sé ali ao lado, começam a respeitar o que lhes diz o sino. Imagino-os quietos e obedientes na hora da missa. Depois, na hora da libertação em que tudo vale, caem esparrachados no chão, que é mesmo assim. Tento explicar o verbo esparrachar a um inglês mas não consigo. Nem sei bem se existe mesmo em portugês mas isso pouco interessa, porque há formas que não tem conteúdo e são formas na mesma. A poesia fica comigo e guardo-a com medo que não dure até à secretária.
(Um dia mando esta merda toda às urtigas: telemóvel, carro, computador. Este mês o telemóvel deixou de dar por uns dias, o computador apanhou água e não tem arranjo, o carro amuou no meio da estrada e não voltou a ligar, a objectiva da máquina nova caiu veloz no xisto duriense e partiu-se. Tendo a acreditar numa nova ciência oculta que pretende acabar com os I-phones de todo o mundo e chamar-nos à ciência dos diospiros, desses que vivem suspensos e caem, felizes e conformados ao tocar do sino)
quinta-feira, outubro 01, 2009
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4 comentários:
eu partilho da gulodice por tais prazeres científicos
esparrachar, esparralhar e esparramar...existe pois.
Leio-te em Berlim com muita saudade!
Um beijo,
Joana
e eu leio te com grande prazer aki no luxemburgo e a caminho de berlim
bjs
peninha
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