sábado, dezembro 13, 2008

driving with seixas

No fundo, tenho um fraco pela trivialidade. Atraem-me as mãos normais dele no volante. A conversa mediada pelo retrovisor, os taxistas vivem no mundo do reflexo e de algum silêncio.
Ele pergunta-me:
- Do you speak english?
Eu:
- Yes.
- So, listen this song.

E calámo-nos. Na rádio, a voz rouca e kitsch de Chris Rea:
I sing this song
To pass the time away
Driving in my car
Driving home for christmas


Rio-me. Rimo-nos.
Digo-lhe que é bom sabermos inglês porque assim percebemos as letras das canções.
Ele diz-me várias coisas em tempos diferentes da conversa mas que eu decidi juntar aqui:
- Tem razão menina, é que a música vem sempre acompanhada de poesia. Eu faço o turno da noite. Quando não há clientes, eu falo com os colegas ou leio um livro. Sou Seixas de nome, o meu avô também era Seixas e era conhecido lá na zona do Tua. Não há nada de anormal em trabalhar à noite, durmo sempre das 8 da manhã até às 4. Só não levo pessoas ao Marquês, é tudo para a prostituição, fecho as portas assim por dentro e abro o meu livro.

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