quinta-feira, setembro 11, 2008

ei-los gios

Recebi um souvenir de Benidorm, enterneceu-me aquele golfinho de plástico. É um golfinho transparente e lá dentro cabem coisas como conchas, água, mini flores plastificadas. Agrada-me especialmente por ser multifuncional. A cauda do golfinho serve como abre cápsulas e o lombo tem um iman para se quisermos decorar o frigorífico. Algures no corpo transparente plastificado do bicho diz "BENIDORM".

- Toma Maria, trouxe isto para ti de Benidor.
(e enquanto admirava encantada a ausência do "m")
- Obrigado, estás maluca, escusavas de ter trazido, não queria que gastasses dinheiro comigo.

Logo a seguir pensei na frase estúpida que tinha dito.
Não percebo porque é que costumamos recusar prendas, não me parece uma atitude propriamente educada ou sensata. É como quando nos dão elogios, ficamos assim:

- Oh, obrigada, não sou nada, até que há gente muito melhor.

Se nos criticam:

- O quê? Olha mas é para ti.

Mas pior que tudo isto é não saber explicar como se gosta de uma prenda que nos deram. Eu sei que sou absurda porque sofro este dilema. A racionalidade é um leão domesticado. Se não fizer cara de espanto ela ainda vai pensar que vou deitar o golfinho fora, ai o que é que vou dizer para ela perceber que gostei, que valeu mesmo a pena ter gasto o que gastou, mas que porra de pensamento calculista este que eu tenho.
Talvez não suportemos a ideia de existência, não duvido que sejamos demasiado pequenos para isso.

(que seca, estou cada vez mais moralista embora não suporte moralistas - fico a tremer de um olho quando vejo aquela vice presidente do Mccain, orgulhosa mulher e mãe, não sei quê Pallin, caçadora de renas ao fim de semana, anti quase tudo que defendo e não defendo assim tanta coisa, pro tudo que considero desumano e insensato)

1 comentário:

T.E. disse...

gosto das tuas notas de rodapé :)