segunda-feira, dezembro 10, 2007

"O pão" ou o bordel imaginário

Estou em Matosinhos, numa padaria chamada " O pão". Giro. Peço descafeinado e fumo sg mentol.
Isto é escuro cá dentro. Por cima da máquina de cigarros há três embrulhos de natal, daqueles com papéis de motivos natalícios que costumam estar nas caixas de supermercado ao lado das chicletes. Que feios são estes três caixotes, e os laços, os laços dos embrulhos, os laços que foram encaracolados com a tesoura, que feios estes laços são. Ao lado da máquina de cigarros há duas coisas daquelas grandes com bolas de plástico lá dentro. Paga-se um euro por cada bola inútil, mas vá lá, é surpresa, e por isso há sempre quem pague um euro pelo desconhecido.
Em cima do balcão, outro caixote embrulhado a papel natalício (verde, vermelho, dourado) onde se pode ler : "As funcionárias deste estabelecimento desejam a todos os seus clientes um feliz natal e um próspero ano novo". Com todo o respeito pelas funcionárias de " O pão", reparo que isto em cima em cima de o balcão de um bordel é que ficava giro. Depois comecei a sentir pena da palavra " próspero", que só é utilizada nesta altura do ano. Tadinhos dos que são prósperos, nunca ninguém lhes liga.
Na mesa mais próxima da minha vejo duas mulheres a conversarem. Uma tem um penso branco no nariz, como é que será que ela foi fazer aquilo? Caiu no parque recreativo da senhora da hora? É jovem, tem cabelo preto e come uma torrada por volta das três da tarde (ninguém come torradas a essa hora). Mas a sua amiga é ainda mais bizzara, apesar de não comer torradas. É loira permanentada. Penso que as permanentes deviam ser proibidas, porque as mulheres não são para serem confundidas com caniches. É mais velha do que a outra do penso no nariz, tem um ar assim meio gasto. Look tipo anos 90, jaqueta de ganga e baton cor de rosa. Isto podia ser mesmo um bordel diurno de matosinhos onde se vendem torradas à sucapa.
Apago o segundo sg mentol. Pago o descafeinado com uma moeda de um euro. Penso: se tivesse outra igual a esta (e se fosse mais estúpida) metia-a naquela coisa grande com bolas de plástico à espera de outro porta-chaves ou de um urso feio de peluche.

1 comentário:

Anónimo disse...

E da próxima vez que vieres a matosinhos, podes sempre dar uma apitadela...ia adorar tomar um descafeinado n´ "O pão" contigo