sexta-feira, dezembro 21, 2007

o julgamento - uma possivel perspectiva

Um julgamento pode ter alguma piada. Principalmente se sairmos absolvidos à custa da incompetência dos outros.
Eu, que por lei tinha cometido um crime, devido a outra lei qualquer, tive que ser absolvida.
O agente França, o agente Silva, o agente Pinto. Que queridos que eles eram. Juro que por momentos me apeteceu abraçar o agente França. Era alto, com principios de barriga. Imaginei-o perfeitamente vestido de pai natal no dia 24 à noite tentando surpreender a sua recém-nascida neta (não sei porquê acho que o agente França só pode ter uma neta, e que essa corre riscos de se chamar katia e de se vestir de cor-de-rosa todos os dias).
O Agente Pinto era igualmente fofo. Reparei que a alcunha perfeita para este agente seria a de "Pintoínho", pois tinha cara de pequeno pássaro.
O Silva era o único baixo dos três, por isso também me enterneceu. Ainda por cima tinha uma cara assim meia amacacada. Consegui vislumbrá-lo no jardim de infância como sendo o mais feio da classe e deu-me pena.
Apanhei o França à porta do tribunal antes do julgamento, e ele até me disse: "Menina, não temos nada contra si, isto é só mais um deber." Um dever. Estou a ver. O Pintoínho, à saída, desejou-me as boas festas.
Mas a chefe Manuela, ai, a chefe Manuela. Essa, nem festas, nem deberes, queria era lixar-me bem lixada dentro daquele tribunal onde o seu perfume gucci dos chineses nos invadia a todos de forma injusta. E gritava tão alto e tão mal, meu deus, as palavras desajeitadas que saíam daquela boca vermelha mal pintada. Culpa outra vez dos chineses, provavelmente.

1 comentário:

António A. Antunes disse...

a agente manuela é má. vivam os agentes pinto, frança e silva! e agora, ber: toca a desenvolver, aposto que não contaste tudo.