segunda-feira, julho 20, 2009

porco II

O holandês deixou os dois tupperwares no carro. Fiquei podre, pior que o porco. O porco ficou, nada mais nada menos, que 3 dias dentro da carrinha a apodrecer. Não bastava já ter sido morto e cozinhado. Cago-me de medo de hoje vir a sonhar com o animal a quem aquele cachaço pertenceria, inventar-lhe nome e família, data de nascimento, se gostava mais de bolotas ou ração.
Não admito este esquecimento por várias razões. Pelo desperdício como é óbvio. Pelo cheiro nauseabundo que ficou no carro do Joel e por termos que ter feito uma viagem a 140km/h sempre com as janelas abertas já depois de termos atirado os restos mortais ao lixo. Gosto tanto de silêncio.
A última razão, a mais forte, é também a mais absurda de todas. É que eu tenho pena como aquele porco acabou. Sozinho, sempre sozinho, depois de nos ter oferecido um belo jantar de quinta feira com o seu próprio corpo, acaba dentro de um tupperware do IKEA, (daqueles baratos que só se vendem em packs), debaixo do assento de uma carrinha que não é usada ao fim-de-semana, deitando odores do mais criativo que há, à espera que alguém repare nele.

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