domingo, janeiro 08, 2006

E daqui nao consigo sair

Cheguei a Hampi no dia 28, acho. Nunca tenho a certeza do dia do mes ou da semana em que me encontro, e' um bom sinal, sem duvida. Depois de uns dias de praia, gente e festa em Goa, a minha cabeca ja estava a parar de uma certa maneira que nao me agrada. Nao tinha nada em que pensar porque tudo estava ali tao facil de adquirir..Cabanna em cima da pria, restaurante em cima da pria, amigos em cima da praia..."ai ai ai Maria, tens que sair daqui, para isso podes ir acampar para o Alentejo." Mas nao sabia muito bem para onde ir. A espanhola foi embora e eu estava sozinha sem guia a tentar decidir onde queria ir. E porque as palavras tem som e vida, olhei para um cartaz publicitario na rua com variados destinos e a palavra Hampi saltou de entre todas as outras e ficou na minha cabeca. Apanhei um sleeper bus para encontrar o sitio ou apenas a palavra, e quando acordei vi plantacoes de bananas com ruinas mituradas. Rochas e mais rochas com formas nunca monotonas a criarem pequenas colinas. E depois 'agua. Um rio, um lago, umas waterfalls. E pronto, rendi-me ao espaco e 'a historia desta vilazita. Depois de tantas cidades, ja era altura de um pouco de natureza. Tenho andado de biciclete, nadado, andado e ate subido montanhas para ver os fantasticos sunsets. Estou surpreendida como o sol nao se esquece de se por nem de se levantar um dia que seja. A melhor parte e' depois de o sol se por quando maior parte das pessoas vao embora satisfeitas com as suas maquinas...e a partir dai' esperar ate que seja noite. joana, todos os tipo de azul possiveis..
As ruinas estao espalhadas por 20 km around e (so) tem 500 anos. Pelos vistos, um grande imperio que foi destruido pelos muculmanos. Mas o sentido de tempo e' intenso, tempo que passou, tempo, tempo nas duras pedras das ruinas e tempo nas folhas novas dos bananeiros. Tempo nas pequenas aldeias que se vao encontrando com camas e redes ca fora, onde alguns homens descansam. Tempo no rio que nao para e onde esqueleticas mulheres passam o dia a lavar roupa. Isto nao e' uma declaracao feminista, mas e' mesmo assim. Tempo na agua quente que nao existe, tempo na merda de vaca que que usam para limpar as ruas, tempo nas maquinas de costura que estao fora das lojas para que os turistas possam ver como o alfaiate. Mas claro, a pequena vila vive do turismo e os precos nao sao tao baixos como em outros sitios onde ja estive. Mesmo assim, arranjei o quarto mais barato possivel. Um corredor com alguns quartos onde ha espaco para uma cama. Nao preciso de mais. De manha sento-me no corredor a beber cha com o meu vizinho que faz-me o pequeno almoco todos os dias a mesma hora...e a noite converso ou vejo um filme com o dono da guest house, na pequena loja de bicicletes que tambem pertence a mesma familia. A enorme familia vive tambem neste corredor em diferentes quartos para cada um dos irmaos e sua respectiva familia, o que me da' a oportunidade de observar o daylife indiano de uma forma mais real e directa. Cada vez que regresso ao meu quarto sinto que estou a voltar a casa. (Leni e Mae nao se assutem que nao prefiro esta do que a nossa da cantareira)
Estar sozinha e' gratificante, produtivo e maravilhoso.
Mas connections nunca deixo de fazer, obviamente...

3 comentários:

Anónimo disse...

És fantástica Mary...linda linda linda. Tenho saudades tuas.
Beijos deste pequeno (e não tão emocionante)lado do mundo.
MI

Anónimo disse...

e porque deixar as connections?? não serao novas connections tudo aquilo porque vais experienciando dia a dia nessa tua viagem (longa que faz desesperos de saudades por ca??)
Mary, tenho muitas novidades deste pequeno mundinho que é o meu, os sunset blues sao coisas que muito tenho apreciado mas agora passo a associa-los obrigatoriamente a ti!
e quanto ao nascer do sol... as novidades sao tentas que tenho que te dizer que ja tive de acordar bem cedo varias vezes, mesmo antes do sol acordar, felizmente nao tem faltado trabalho e acabo de me meter em mais trabalhos... perspectivas entigas tornadas realidade
tou feliz
tenho tudo menos tu
um beijo

Anónimo disse...

xii ...
so erros, sorry
emotion