quinta-feira, dezembro 03, 2009

sendo bernard n´ as ondas de virgina

Desde que me sentei nesta mesa sinto uma deliciosa confusão de incertezas, de possibilidades, de hipóteses. As imagens formam-se por geração espontânea. Sinto-me incomodado com a minha própria fecundidade. Seria capaz de descrever com a maior profusão de detalhes cada cadeira, cada mesa, cada comensal. O meu espírito zumbe por aqui e ali, pronto a cobrir todas as coisas com um véu de palavras. Falar, mesmo que apenas para pedir vinho ao empregado, é provocar uma explosão. O foguete é lançado aos ares. Os seus grãos dourados caem e fertilizam o solo da minha imaginação. O imprevisto desta explosão está na alegria de comunicar. Quem sou eu misturado com este desconhecido empregado? Neste mundo não existe estabilidade. Quem será capaz de exprimir o significado das coisas? Quem pode prever o voo que uma palavra descreve depois de dita? é um balão que plana sobre as árvores. E o esforço de conhecer é sempre inútil. Tudo é experiência e aventura. Constantemente formamos novas combinações de elementos desconhecidos. O que está para vir? Ignoro-o completamente. Mas no momento que pouso o copo sobre a mesa a memória volta. Estou noivo. Esta noite janto com os meus amigos. Sou Bernard. Sou eu.

1 comentário:

António A. Antunes disse...

genial virginia. como eu te amo.