sexta-feira, abril 10, 2009

últimas semanas

Às tantas, passa-se horas a dormir e não sabemos por onde andamos. Isto tem-me acontecido, deito-me cedo e nunca mais acordo. Sonho consigo avó, sempre. Outro dia estava a tomar banho e ouço alguém a entrar em casa. Espreito pela porta da casa de banho e vejo-a no corredor, com aqueles vestidos que só usava no Verão e com uns óculos dos anos 80 que tinham a massa castanha e grossa. Fiquei preocupada se estaria a molhar o chão todo, a avó não gostava, e eu era descuidada. Aquilo também sem cortina era difícil. Outro dia ria-se, nós a falarmos não sei de quê e a avó só se ria. Nem uma palavrinha, eram sorrisos calmos e inesquecíveis.
É assim que recheio a sua enorme ausência, em acontecimentos noctívagos e isolados que nunca sei quando vão aparecer de novo. Talvez por isso agora durma tanto, para passar horas consigo, assim, sem nada para fazer, só aquela coisa do almoço e de estarmos no sofá. O último sonho deixou-me preocupada: eu sabia que a avó estava morta mas a avó morreu durante o sonho, como se a segunda morte confirmasse a primeira. Fiquei com muito medo que o meu inconsciente a tivesse matado e nunca mais a pudesse ver de vestido no corredor. Desde então ainda não sonhei outra vez consigo e já passaram 4 dias. Fui ao Ikea e comprei uma cortina para a banheira.

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